terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Artigo explica o gradiente latitudinal de diversidade de mamíferos

 "Faster Speciation and Reduced Extinction in the Tropics Contribute to the Mammalian Latitudinal Diversity Gradient"

Especiação rápida e extinção reduzida nos trópicos contribuem para o gradiente latitudinal de diversidade de mamíferos

O que explica o gradiente de diversidade de espécies nos trópicos? Vários debates, pesquisas e questionamentos já vêm sendo realizados desde os tempos de Darwin. A maioria dos grupos, especialmente os anfíbios, invertebrados marinhos, insetos, mamíferos, aves e micro-organismos apresentam uma alta diversidade nos trópicos. Por quê? 

Ultimamente, quatro componentes principais estão sendo utilizados para explicar esse padrão, sendo eles: o tempo de colonização de uma região por um clado, taxas de especiação, taxas de extinção, e eventos de dispersão. Além disso, três fatores devem em princípio contribuir para a alta diversidade nos trópicos, sendo eles: a origem de muitos clados nos trópicos, maiores taxas de diversificação nos trópicos, e altas taxas de dispersão de organismos da região temperada para a tropical. 

Tem sido reforçado também que a especiação é alta nos trópicos devido a uma maior estabilidade climática, maiores períodos sazonais, efeitos de área, maior produção de energia, e ao aumento da força das interações bióticas. Por outro lado, variações climáticas e ciclos glaciais podem ser responsáveis pelas extinções em larga escala nas regiões temperadas. 
A figura 1 demonstra o número de espécies no gradiente latitudinal com as implicações aplicadas na explicação da diversidade global. Veja e observe que a taxa de especiação é maior nos trópicos, a taxa de extinção é maior nas regiões temperadas, e a diversidade net e a taxa de dispersão são maiores nos trópicos.

Figure 1 Support for the “out of the tropics” scenario of mammalian species richness.
Figura 1: Cenário de riqueza de mamíferos. Da esquerda para a direita, gradiente latitudinal de diversidade global de mamíferos, e posterior distribuições de especiação, extinção, diversidade net (especiação - extinção) e taxas de dispersão correspondentes a biomas temperados (em azul) e a tropicais (em verde).

Deste modo, a diversidade de mamíferos como a maioria de todos os organismos vivos é maior nos biomas tropicais. Observe na figura 2 que apenas as ordens Carnivora e Lagomorpha não apresentam picos de diversidade nos trópicos, sendo a ordem Lagomorpha a única com maior diversidade em regiões temperadas.
Figure 2 Diversification rates are consistent with diversity patterns across mammalian orders.
Figura 2: Diversidade de oito ordens mais representativas de mamíferos. Painéis a esquerda representam a riqueza total e a direita o gradiente de diversidade latitudinal. Distribuições posteriores de especiação, extinção e diversidade net em biomas temperados (azul) e tropicais (verde) são apresentados o modelo de melhor ajuste. A cor cinza indica que o modelo de melhor ajuste tinha taxas equivalentes em biomas tropicais e temperados.



Portanto, fica nítido que o gradiente latitudinal de diversidade nos trópicos pode ser explicado, ao menos em parte, pelas eventos e mecanismos que influenciam na dinâmica e história de vida dos organismos. A figura a seguir mostra no geral como podem ser representadas as taxas de extinção e especiação de acordo com o tempo nos dois tipos de biomas diferentes.
Figure 3 Speciation and extinction rates through time in the temperate and tropical biomes.
Figura 3: Taxas de especiação e extinção de acordo com o tempo em biomas tropicais e temperados. Observe que a taxa de especiação é mais alta nos trópicos, e a taxa de extinção é maior nas regiões temperadas.
Espero que tenha compreendido um pouco mais sobre o "porquê" de uma maior diversidade de vida e de formas nos trópicos. Na realidade é preciso ir mais adiante para entendermos toda a dinâmica do processo, mas o primeiro passo já acabamos de dar.


Fique a vontade e leia o artigo na íntegra no endereço:

http://www.plosbiology.org/article/fetchObject.action?uri=info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pbio.1001775&representation=PDF


Grande abraço.




Fonte: Plos Biology.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário